..Que minha solidão me sirva de companhia.
que eu tenha a coragem de me enfrentar.
que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Clarice Lispector
Durante toda a vida, procurei estar sempre cercada de pessoas amigas, rindo, conversando e compartilhando. No trabalho, sempre gostei de estar em uma equipe, que interagisse, trocasse idéias, dividisse.
Procurei no meu casamento, compartilhar anseios, desejos, fatos ocorridos, até mesmo bobagens que nos fizeram rir muito. Foi uma boa jornada ao longo de 28 anos, que só terminou quando esse compartilhamento, essa vontade já não mais estava presente, embora tenhamos tentado mantê-la o máximo que pudemos.
Hoje, a vida deu uma guinada e me deixou em uma cidade estranha, com raros amigos, divorciada (embora com um ex-marido mais que amigo e sempre presente), com alguns bons colegas de trabalho - mas que têm suas vidas, filhos em São Paulo, mãe e irmão no Rio, enfim, vivendo uma solidão inesperada que me tomou de surpresa e com a qual estou tendo muita dificuldade em lidar.
Sempre achei que o importante é você estar bem com você mesma, que é melhor estar só de verdade do que só acompanhado, como eu mesma vivi algum tempo. Sempre gostei de poder fazer o que queria, sem dar satisfação a ninguém. Mas estou insegura, não posso negar. Tenho medos que nunca tive. Vejo-me querendo avisar que vou demorar pra ir pra casa, que vou viajar, que estarei fora e não encontro a quem.
Para muitos, e mesmo pra mim no passado, isso pode ser uma bobagem, uma infantilidade. Mas pra mim hoje, se tornou uma dura realidade com a qual estou aprendendo, não sem ajuda, a conviver.
